Hoje vou responder uma pergunta que sempre fazem pra mim nas entrevistas. Todos perguntam: “Como é ser uma mulher baterista no meio de um ambiente predominantemente masculino?” Existem variações dessa pergunta mas basicamente o que querem saber são os preconceitos que já passei.

Como toda mulher, passei por vários, que eu poderia ficar aqui falando por muito tempo, mas ao invés de ficar só reclamando dos machistas de plantão eu queria primeiro deixar uma coisa bem clara aqui. A bateria não é um instrumento masculino e não exige força física pra tocar. Depois de tantos anos estudando, tocando e ensinando outros a tocarem eu percebi que as mulheres têm inclusive mais facilidade na bateria.

Explico: a bateria exige muita coordenação motora (quem é que tem facilidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo mesmo?), a bateria exige emoção e sentimento e quem está nela precisa ter visão periférica e prestar atenção em toda a banda, funcionando como uma maestrina que tem que caminhar conforme a música e os demais instrumentos (quem é que tem facilidade para prestar atenção a vários detalhes a sua volta mesmo?).

Enfim, o cérebro da mulher é perfeito para bateria. Mas nem todos entendem isso. Alguns vêem os bateristas como um lenhador com o machado batendo numa árvore. Nada contra os lenhadores. Rs. O que quero dizer é que todo esse machismo e preconceito, bem como qualquer machismo e preconceito, não faz NENHUM sentido.

E isso não acontece só com as bateristas. Acontece também com outras musicistas. São várias as mulheres que são confundidas como “mulher de músico” quando chegam nos shows; como mãe ou tia de músico quando vão comprar instrumentos; ou simplesmente são julgadas como “elas não tem pegada pra tocar” sem nem ao menos ouvirem o som delas. E tem também a clássica frase dos caras quando querem nos “elogiar”: “Você toca que nem homem”! Nem vou comentar essa frase que já ouvi várias vezes.

Mulheres, vocês podem tudo, nunca acredite em quem diz o contrário. 😉